sexta-feira, 27 de setembro de 2013

PASSANDO DE FASE – Uma vitória





Muitas pessoas não gostam de falar sobre esse tipo de problema, mas se o meu “depoimento” puder ajudar uma pessoa que seja, eu já fico feliz e não me importo em me “expor”.

(Não costumo fazer posts longos, mas foi necessário)


Quem me conhece sabe que já passei por muitas coisas – boas e difíceis na minha vida e todas tiveram seu grau de importância, com todas aprendi.  Mas o dia de hoje é, com toda a certeza, um dos mais importantes da minha existência. É o dia em que chega ao fim uma fase difícil, dolorida, judiada, mas também de muito aprendizado.

Quase não acredito quando olho para trás, prum dia desses e me vejo chorando desesperadamente e pensando que nunca ficaria boa, sem enxergar qualquer luz de esperança. E isso foi há apenas 2 meses. Nesse período eu melhorei, me equilibrei, cresci, aprendi, me iluminei. E, mesmo sabendo que tenho uma doença que (no momento) não tem cura, sinto-me curada!!!

Grande parte dessa vitória se deve ao apoio que recebi de absolutamente todas as pessoas que me cercam. Realmente tenho muita sorte, sou muito abençoada, mesmo sem merecer, mesmo sendo tão falha. Mas sei que nem sempre é assim e quem muitos colegas sofrem discriminações e preconceitos diversos.

Então, antes de começar meu relato, faço um APELO aos conhecidos, amigos, colegas de trabalho, parentes e, principalmente, familiares das pessoas que tem quaisquer transtornos mentais:

Quando minha crise teve início eu me sentia culpada, achava que era bobagem, “coisa da minha cabeça”, achava que era fraca. Foi difícil os médicos me convencerem de que os transtornos mentais são “defeitos” em partes do cérebro, logo, são, sim, FÍSICOS. Acredito que ninguém no mundo gosta de ficar doente. Vocês gostam? Acho que não. Realmente ninguém gosta. Agora imagina você ter uma doença que não está aparente aos olhos e que, principalmente, a sociedade mal conhece, tampouco vai entender. Nãooooo, acho que você não gostaria, né?
Acho que você também não gostaria de sentir uma dor absurda e não conseguir explicá-la, nem defini-la. Nem gostaria de não ter forças pra exatamente nada, como se alguém te amarrasse na cama enquanto vem alguém e diz: “ahhh, faz um esforço, para de frescura, isso é coisa da tua cabeça...”. É, acho que você não gostaria mesmo. E ficar oscilando entre a vontade de morrer (de se matar mesmo) e a culpa por ser pecado, por ser injusto, por saber o quanto tua família iria sofrer... Não, você não iria querer isso.

Acreditem, só quem vai entender de fato o que passa, sente, sofre uma pessoa que tem um transtorno mental (seja ele depressão, bipolaridade, esquizofrenia etc) é quem passa. Mas é muito, muito bonito olhar pro outro, pra pessoa que te ama e que está sofrendo e dar a mão, mesmo sem entender nada.
Você pode não entender, mas pode compreender. E apoiar.
Alguns podem não ter cura, mas todo transtorno mental é controlável com medicação e tratamento terapêutico. Podemos viver muito bem, se nos cuidarmos direitinho. E, com toda a certeza, uma excelente “terapia” é o apoio, o carinho, o amor de quem amamos e é tão importante pra nós!!!

A recompensa vem no sorriso e na cura do ente/amigo querido. E a bênção vem de Deus!


MINHA HISTÓRIA:

Tenho transtorno bipolar, mas só descobri há pouco tempo.

Tudo começou em fevereiro, quando comecei a sentir muito desânimo, cansaço, fadiga, mas de uma forma incontrolável. Procurei ajuda: fiz um check-up, que não indicou nada demais. O cardiologista sugeriu procurar um psicólogo e foi o que fiz. Comecei com um tratamento, mas tive que procurar um psiquiatra, para aliar remédios à terapia. O fiz. Me animei, mas em pouco tempo desanimei e interrompi o tratamento. Mais de uma vez saí do trabalho em direção à psicóloga, passei na frente, dei meia volta e fui pra casa chorar por horas, me sentindo desanimada, infeliz, culpada.

A partir daí isso foi se tornando rotina. Acordava extremamente desanimada, sem forças, como se tivesse arrastando um peso enorme amarrado ao corpo. Chorava (literalmente) pra sair da cama, me culpando. Chegava atrasada no trabalho quase todos os dias me sentindo um lixo, mas com um sorriso no rosto, disfarçando a minha agonia, afinal, nem os colegas nem a empresa tinham nada a ver com minhas “fraquezas”.  Durante períodos do dia/semana essa tristeza e abatimento davam lugar à uma necessidade de falar, conversar, agir, me movimentar, fazer mil coisas, comprar... Tudo era em exagero e, quando “acalmava”, eu voltava a me sentir um lixo, irresponsável, sem noção.

Tentava me concentrar no trabalho sem sucesso. Começava mil coisas, fazia um pouquinho de cada e não terminava nada. Quando estava nas últimas dos prazos, corria igual doida, me martirizando por não ter feito antes, por não ter feito direito, por não ficar perfeito... sofria por tudo. Aliás, eu conseguia encontrar sofrimento em absolutamente tudo. Viver simplesmente começou a se tornar um fardo. Tudo o que eu enfrentaria naturalmente estando bem, quase me matava.

No feriado de maio meu namorado e eu resolvemos fazer uma viagem, já com o intuito de que isso me ajudasse a “reagir”. Não sei se foi pior, mas foi aí que eu caí de vez. A cada país que eu visitava, me sentia pior por não ter vontade de fazer nada. Lugares lindos, históricos do jeito que eu gosto e eu só queria ficar na cama. E me culpava! Isso aconteceu em muitos períodos. Em outros nem lembro, perdi totalmente a noção do tempo, dos lugares, de mim. Muita coisa apagou. Até dinheiro eu perdi – e bastante (ao menos pra mim). Mas lembro da dor: Uma dor inexplicável, incompreensível, absurda. A impressão é que vem da alma. E vem mesmo. Sentia uma tristeza e nem entendia porque. Era o fundo do poço. E, como se não fosse suficiente, consegui “cair” ainda mais. Foi a primeira tentativa de suicídio. Sim, existe lugar pior que o fundo do poço, e eu estava lá. Mas lá também estavam anjos de Deus!

Na volta fui do aeroporto pra casa planejando trocar de roupa e ir passear, mesmo sozinha, me animar... Mas quando entrei em casa iniciou-se mais uma luta interna entre a vontade racional de sair, reagir e a total falta de forças e vontade de ficar na cama. Adivinha quem venceu?
Fiquei do sábado até a segunda-feira quase sem dormir, sem comer absolutamente nada, sem tomar banho, sem falar com ninguém, morta por dentro e com desejo de estar morta também por fora.

Mas Deus é maravilhoso e colocou anjos no meu caminho, mesmo sem eu merecer. Matias pediu “socorro” pra uma amiga nossa que veio prontamente, me fez abrir a porta, comer, me arrumar e me levou a um hospital. Fui achando que teria uma consulta, uma receita e um afastamento de alguns dias do trabalho e do mundo. Só queria ficar sozinha, quieta no meu canto. Mas eu estava enganada.
Fui internada prontamente. Viemos, fizemos uma malinha e voltamos pro hospital. A partir daí tudo aconteceu em câmera lenta e de forma automática. A revista, a entrada sozinha naquele lugar desconhecido e cheio de pessoas desconhecidas, o medo, a falta de esperanças... e, junto a isso, a total falta de forças pra lutar, pra dizer não, pra correr, pra nada! Eu já não era mais eu. Era qualquer outra coisa/pessoa, menos eu mesma.

Fiquei uma semana e troquei de hospital de uma forma brusca. Me senti ainda mais fracassada, destruída. Foi quando tive a minha 2ª tentativa de suicídio. Mas os anjos também estavam lá.

Fui internada em outro hospital, que gostei de cara, mas onde também passei uns maus bocados: tive crises de pânico, cheguei a ser contida e fiquei horas amarrada, quase morri num desmaio onde minha pressão quase juntou...
Mas as coisas foram se equilibrando e então, comecei a melhorar. Procurei aderir ao tratamento, ser disciplinada, me integrar. Rezei muito, fiz amigos, até me diverti. Ganhei tanto carinho...
Lembro da primeira saída pra um final de semana fora do hospital: desespero na porta de saída, tremedeira até chegar em casa. Medo. Sim, esse sentimento horrível é uma constante nesse processo. Mesmo estando um pouco melhor, a vontade de não fazer nada permanecia. Ficar mais que duas horas fora de casa era torturante. Vivia passando mal, desmaiando, em pânico.

Passado 01 mês de internação integral, recebi alta e fui encaminhada para a clínica-dia. Outro pavor. Entrei parecendo um zumbi: ficava isolada, não gostava de conversar, não falava nas atividades, nem mesmo gostava. Tinha certeza de que aquilo jamais daria certo, não entendia o que estava fazendo ali. Vivia oscilando entre essa apatia e uma euforia absurda: chegava falando e falava, falava, falava, e rápido, passava a tarde “acelerada”. Daí chegava em casa acabada, como se tivesse passado o dia inteiro carregando peso.

Então foi confirmado o diagnóstico: Transtorno Bipolar. Assim como a maioria das pessoas eu nem sabia o que era isso, mas a ideia de ter uma doença incurável me apavorou. Mais dor, mais sofrimento, mais autopiedade – um sentimento também comum, e inevitável. Mas, como nem tudo são trevas, com o diagnóstico correto, enfim, minha medicação foi ajustada e aos poucos meu humor foi se equilibrando. Junto a isso, fui começando a ter vontade de participar das atividades, de me integrar com as pessoas.

Daí apareceu outro problema: O remédio pra bipolaridade – o famoso lítio atacou minha tireóide e as taxas foram pras alturas. Novamente caí na cama, dessa vez por questões físicas. Vivia sem forças e passei semanas com a pressão super baixa. Minha mãe, que veio pra cuidar, foi super paciente, trazia comida, água, remédio. Eu faltava à clínica quase todos os dias, sem a menor condição de sair de casa, sem a menor condição de sair da cama. Muitas vezes ia ao banheiro apoiada em mainha. Foi difícil.

Mas, acho que já disse que nem tudo são trevas, né?
Quando o remédio da tireóide começou a fazer efeito, uma fase de luz teve início na minha vida.
Com o emocional e o físico se equilibrando, peguei o tiquinho de forças que apareceu e dei o impulso que consegui: Comecei a não mais faltar à clínica, onde participava ativamente das atividades, mantive a medicação certinha, comecei a caminhar... aos poucos comecei a sair, me (re) socializar. Tudo foi começando a entrar nos eixos. A paz, o equilíbrio, a alegria foram tomando conta da minha vida e agora estão presentes.

Hoje, 27 de setembro de 2013, recebi alta da clínica Bom Retiro.
Com muito sacrifício passei mais essa fase do meu tratamento e da minha vida. E como repeti tanto essa semana, sofri, sofri demais, como nem sabia que seria possível sofrer, mas aprendi exatamente na mesma proporção. E cresci. Sei que precisava passar por tudo isso.
Hoje sou, com certeza, uma pessoa mais forte, mais madura, mais equilibrada do que há 05 meses. Muito mais. E muito mais feliz!!!

Sinto-me vitoriosa, sei que tenho méritos, tive disciplina, aceitei e segui o tratamento, mas eu jamais teria conseguido nem começar sem a ajuda, a compreensão, o apoio de pessoas que em algum ou em muitos momentos pararam as suas vidas para, praticamente, me carregar no colo.

AGRADECIMENTOS! 

Mainha, Matias, Crislaine: Nunca, jamais irei esquecer, nem poderei retribuir o que vocês fizeram e ainda fazem por mim. Que Deus os recompense em dobro, triplo, quádruplo. Vocês são anjos! Me perdoem toda a preocupação, trabalho, agonia que fiz vocês passarem.
Mainha, você é a pessoa mais importante da minha vida, minha melhor amiga, companheira, confidente. Te amo mais que tudo no mundo!!!

À minha família na terrinha, Lipe, Karol (minha princesa), Kilma, Ninha, Alexandre, Tia Nilda, Macilene e todos... sei que também se preocuparam muito. E rezaram muito. Obrigada, obrigada, obrigada! Amo vocês demais!!!

Aos meus colegas de trabalho, nem sei o que dizer. A compreensão e apoio de vocês é comovente. Sobretudo da minha equipe linda de FP. Meus queridos atoas, amo vocês!!! 

Aos meus amigos em todo o país e até fora dele (ui, que chique rsrs) – vocês são os melhores do mundo!!! Mesmo sem saberem exatamente o que eu tava passando mandaram tantas mensagens de carinho, preocupação, preces. Adoro vocês!!! E pros da terrinha... To chegandooooooo!!!
PS: Manu, estar com vc, David e Joaquim foi uma das partes da viagem onde me senti mais feliz. TE AMO!

Aos amigos que eu conheci no hospital e na clínica e hoje fazem parte da minha vida: Obrigada pela amizade, cumplicidade, parceria. Torço pela recuperação, equilíbrio felicidade de cada um de vocês.

Às também amigas “doidinhas” que se tornaram quase família: Mércia, Silvia, Valéria, Vó, Elsa, Zélia, Raquel, amo vocês, torço por vocês como por mim!!! Obrigada por tudo!!!

Aos amigos que conheci há pouco, também da clínica, desejo toda a sorte e paz e que o tratamento de cada um de vocês seja vitorioso. Desejo o mesmo até a quem não gosta de mim ali. Que Deus abençoe vocês!

E, finalmente, às equipes do hospital e da clínica Bom Retiro (espero não esquecer ninguém rs):
Hospital: Dra Elizabeth, Dr Miguel, enfermeiras e até a doidhinha da Aline.
Clínica-dia: Dra Caroline, Renate, Dr Mário Sérgio, Ivonete, Loilse, Deise, Fabiane, Sheila, Camila, os estagiários, as meninas do Reiki, do SAE, as meninas da recepção, da cozinha, da limpeza (ta limpando, Rose? Vou aí!!! Rsrsrs)...
MUITO obrigada também a vocês, pela força, profissionalismo, carinho, paciência nos meus momentos mais difíceis, respeito e por nunca deixarem de acreditar em mim, mesmo quando eu estava “no chão”. Que Deus abençoe todos vocês!!! Vou sentir falta e vê-los uma vez por semana vai ser muito bom!!!

Mil perdões se esqueci alguém, tô cansada e emocionada! <3 data-blogger-escaped-o:p="">

Sigo amanhã pra Recife, pra junto dos meus, pro calor, pro sol, pro mar, pra essa natureza que faz bem, pros abraços da minha família e dos meus amigos, pra música, pra comida, pras cores e pro cheiro da minha terra que amo e nunca esqueço. Sigo para, como disse Dra Caroline, minha viagem terapêutica, para recarregar as energias e voltar renovada pra encarar a minha vida real. E farei isso com alegria, gratidão e com o sabor de vitória.

O tratamento continua, agora com menor intensidade, apenas uma vez por semana, mas não menos importante. E minha disciplina também continuará. É, detestooooo disciplina mas, acreditem, nada, NADA é pior do que o que eu passei. Detesto regras, mas detesto MUITO MAIS estar doente.

Que delícia é estar curada!!!
Que delícia é estar bem o suficiente para falar sobre isso sem sentir qualquer dor.
Que delícia é não sentir vergonha de nada disso, pelo contrário!
Deus é maravilhoso!!! Que Ele abençoe TODOS vocês!!!

Cheiros!
Monika Souza


segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Gosto de gente


Gosto de gente que se importa, e que demonstra que se importa. Mas que se importa apenas comigo, afinal, fidelidade e lealdade não saíram de moda. Ao menos dentro de mim;

Gosto de gente que se preocupa, que insiste mesmo quando digo não... e que perceba quando eu digo não querendo dizer sim, afinal, sou mulher;

Gosto de gente que me faz rir, e que ri comigo. Que entende minhas brincadeiras e ironias, que ri a toa, de tudo e de nada, sobretudo de si mesmo. Mas também gosto de gente que sabe a hora de parar;

Gosto de gente que tenha o ombro disponível quando eu precisar chorar... e de gente que me conhece tanto a ponto de perceber minha angústia, mesmo quando as lágrimas não estiverem escorrendo pelo meu rosto;

Gosto de gente que dá a mão ao outro e trata bem qualquer um, mesmo sabendo que não há poder, dinheiro ou benefícios envolvidos;

Gosto de gente que dá valor à família – principalmente à mãe, aos amigos, a quem é de fato importante. E nem precisa ser “meloso” pra isso. Tem várias formas de demonstrar amor e preocupação;

Gosto de gente que sabe dizer não, mesmo isso sendo tão difícil, mas necessário para o crescimento do outro: demonstração de amor e cuidado;

Gosto de gente que sabe a diferença entre ser autoconfiante e ser arrogante, e que utiliza seus conhecimentos de forma benéfica, para transmitir idéias interessantes aos outros;

Gosto de gente inteligente, perspicaz, sagaz, que tenha boas tiradas e papo interessantes, gente que me faça viajar em conversas intermináveis e deliciosas. Mas adoro gente humilde e sábia, que, mesmo sem ter tido oportunidades de obter conhecimentos tem grande sabedoria adquirida pela vida e pela humildade;

Gosto de gente que sonha. E que realiza. E de gente que sonha comigo, que ajuda a transformar meus sonhos em realidade, mesmo os mais bobos e absurdos;

Gosto de gente de coração bom, de risada farta e abraço disponível, de caráter reto, de personalidade forte e leve, de olhar, palavras e gestos sinceros.


Gosto de gente!

Cheiros...
Monika Souza