sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

INUSITADO - Parte 01

#ATENÇÃO : 18+

Estava solteira e sozinha. E, por mais que gostasse disso, nesse domingo em especial, queria conversar. Mas não as conversas habituais, com as pessoas habituais.
Entrou na internet.

E ele foi o primeiro e o último com quem conversou. E, certamente, o melhor. Não poderia ser mais gostoso, leve e instigante que aquilo.

Falaram sobre tudo e sobre nada. Contaram superficialmente passagens das suas vidas e, a cada frase que digitavam, se tornavam mais interessantes um ao outro. Em poucos minutos trocavam telefones, precisavam se ouvir. E conversaram. Horas que pareciam minutos. Quanto mais se ouviam, mais sede tinham da voz um do outro. O desejo era latente, mas, em momento algum, falaram sobre sexo ou algo do gênero. Sentiam desejo pelo som da voz do outro, pelo conteúdo inteligente que descobriam, pelo romantismo sem pieguices que surgia... e se queriam. Sabiam que poderia, pessoalmente, não ser nada daquilo, mas queriam. Se precisavam.
Era cedo, o sol, safado, apareceu para colaborar com o provável encontro. Ela sugeriu que fosse ao ar livre. Talvez, inconscientemente, desejasse que as energias da natureza acalmassem suas pulsações descompassadas. E sim, todo o seu corpo pulsava. Todo ele. Se despediram momentaneamente, ora torcendo para que os 60 minutos que os separavam do olho no olho voassem, ora que se arrastassem, tamanha era a ansiedade. 

Ela entrou e saiu do banho cantando. E suspirando. E imaginando. Começou a ficar excitada. Tentou se acalmar, demorou um pouco mais no banho para isso, mas conseguiu. Com a pele ainda úmida, acarinhou todo o corpo com o seu melhor hidratante, imaginando as mãos dele fazendo isso. Parou quando se percebeu excitada novamente. Aumentou a música, escolheu uma roupa confortável, mas levemente sensual - na verdade estava tão excitada que sentia que poderia ficar sensual até num moletom amassado. A saia jeans num tamanho médio, a camiseta amarela com um ombro à mostra e a maquiagem leve evidenciavam seu bronzeado. Os cabelos também brilhavam. Se olhou no espelho e sorriu, se sentindo bonita como há muito não se via. E o sorriso no cantinho da boca se tornou um risinho safado quando lembrou a lingerie que escolheu. "Ah, foi a primeira que apareceu", mentiu para si mesma. Olhou no relógio, meia hora. Todo o corpo pulsou, junto com o coração. 

Já no carro, olhou no retrovisor. Ainda estava bonita. Caramba, por que estava tão insegura? Lembrou: ia encontrar o cara que a fez sentir ternura e tesão, intensamente, e ao mesmo tempo. Estava tão excitada que quase voltou do meio do caminho. Parou para abastecer, comprou uma água mineral e bebeu quase num só gole. É, estava calor. E ela adorava esse clima. A acendia sob todos os aspectos.

Chegou no local combinado, 'um parque da cidade'... Combinaram no restaurante da cachoeira. Na verdade, era uma pequena queda d'água, mas fingiam para si mesmos que era uma cachoeira, para que ficasse ainda mais romântico e excitante. Enquanto seguia a pequena trilha, teve medo que ele tivesse desistido. Mas passou rapidamente, quando viu o rapaz bonito da foto debruçado na varandinha do bar, olhando a água ir e vir. O coração começou a acelerar novamente. Mesmo não estando tão perto, conseguia ver uma tatuagem saindo pela manga da camiseta branca. E seu olhar charmoso apreciando a natureza. "Deus, ele é ainda mais atraente!" Sentiu um comichãozinho entre as pernas. Tentou espantar a sensação: "Tomara que seja engano, tomara que não seja ele, tomara que, se for, ele tenha um cacoete, beije mal, tenha mal hálito, tomara que..." Quase deu um grito de susto quando o celular vibrou. Era ele. Preferiu não atender e se encaminhou ao seu encontro. Todo o corpo tremendo e gemendo em silêncio. Seu autocontrole a estava traindo, sacana!

Chegou bem perto e, como ele estava distraído tentando telefonar, fechou seus olhos com as mãos. Teve medo que ele percebesse os sinais adolescentes do seu corpo. Pode ouvir e sentir a sua respiração daquele homem forte ficando mais ofegante. Com carinho, ele pousou sua mão direita sobre as mãos dela. Com a esquerda, ele a puxou para si, pela nuca. O cheiro másculo dele a abraçou. Foi um gesto tão carinhoso e, ao mesmo tempo, tão sensual, que ela poderia jurar que seus corpos das últimas três encarnações ficariam arrepiados. Ficaram nessa posição por, ao menos, cinco minutos. Assim, como se conhecessem há muito, como se desejassem há muito. E se desejavam. Os dedos dele se entrelaçavam com os cabelos macios dela. E ela não conseguiu segurar o gemidinho quando ele puxou seu cabelo de leve. E ela respirava, transpirava e suspirava na nuca dele. Foi aí que ele não aguentou.

Quase como um giro de dança ele a virou. Era bom nisso, ela pensou. Ficaram frente a frente, olhos a meio centímetro. Lábios já se tocando, afinal, os dela eram bem carnudos. E ela se lambia, sem nem perceber. A imaginação do que aqueles lábios rosados e macios poderiam fazer em seu corpo o deixou latejando. A impressão de ambos era que os raios do sol os apertava um contra o outro. Mas era o desejo que fazia isso. Enquanto ele ainda segurava, agora mais levemente, em seus cabelos, ela apertava seu braço, exatamente onde estava a tatuagem. De repente, estavam se cheirando, como animais selvagens reconhecendo o parceiro antes do acasalamento. E ali não era diferente. Sentiam um misto de doçura e loucura. Ele a puxou para mais perto. Ela sentiu a dureza do seu corpo e, instintivamente, apertou seus braços, escorregando as mãos para dentro de sua camiseta. Quando ela passou as unhas, levemente dos seus braços para as costas, ele não resistiu. E a beijou. 

No começo foi um beijo louco, desesperado, sedento. Suas línguas se abraçavam, se acarinhavam, competiam, transavam. Naquele momento esqueceram onde estavam, que tinha pessoas por perto, que era ao ar livre, e o beijo se transformou numa preliminar, num teatro. Faziam com os lábios, as línguas e os dedos tudo o que, tinham certeza, fariam com os corpos. Era um aviso, quase uma ameaça. Se lambiam, se chupavam, se arranhavam, se mordiscavam. O corpo dela sentia o calor dele, e vice-versa. Se encostavam mais. Ela latejava. Ele pulsava. Ela sentia. E escorria. E quanto mais ela sentia seu próprio líquido, mais ela o puxava para si, como que avisando que precisava dele, mais que encostado. Era uma dança e ambos sabiam a coreografia, sem nunca terem ensaiado. Ela quase gozou, só com aquele beijo. Ele também.Um barulho perto os fez lembrar, juntos, onde estavam. Olharam para os lados e riram baixinho. Aos poucos, foram tentando se acalmar. O beijo foi ficando mais lento, mais carinhoso, mais romântico, mas não menos gostoso. Isso também os excitava, era o complemento. Haviam transado em pensamento, em sensação, em sentimento. Já eram um do outro. Se abraçaram e ficaram ali, tentando "acalmar" os ânimos. 

Sentaram na mesa ao lado, pediram sucos e uns poucos petiscos e ficaram se deliciando um do outro. Agora com olhares, gestos, a maneira de sorrirem, as palavras inteligentes que começaram mais cedo e foram interrompidas pelo desejo animal. Tinham tantas afinidades que até assustava. Quanto mais conversavam, mais se encantavam, e mais se excitavam. Precisavam sair dali. Pediram mais sucos e água. O calor vinha de todos os lados. Ao servir, o garçom, com um jeito que os deixou constrangidos como adolescentes, entregou um panfleto onde o restaurante os estava convidando para conhecer a área privativa da cachoeira. Pelas fotos, parecia lindo. Eles não sabiam o que falar e se entreolhavam com surpreendente timidez, não esperavam aquele "convite". E o mesmo garçom, com olhar maroto, disse: "Vocês são nossos convidados especiais de hoje, vão pagar apenas pelo nosso kit especial de piquenique. E podem ficar tranquilos, até pelo horário, não irá mais nenhum casal. E a água é quentinha... Vocês tem 3 horas até o sol se por. Aproveitem!". 

Em menos de 15 minutos o novo casal estava cruzando o simpático portão de madeira da área privativa. Mais 05 minutos de caminhada e mal acreditaram no que viram. Era espetacular!!! 

[Continua...]










Um comentário: