quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Vítima das circunstâncias

Me diz uma coisa: a quantas anda teu português? Isso mesmo, nosso idioma, como vai?
Vamos então faz um pequeno teste? É só um, prometo. Conjugar um verbo simples.
Leia bem o box abaixo e me diga, qual a coluna que está certa, a A ou a B?



Marcou a A? Mentira! Eu também!!!
Mas, perai! Se admitimos que, na gramática, eu, você, eles, TODOS erram, por que causa, motivo, razão ou circunstância não levamos isso para o dia a dia, pras convivências, para a vida?

Já parou pra observar que, quando enfrentamos um conflito, sobretudo com quem temos intimidade, temos uma tendência nervosa para nos eximir de culpas e responsabilidades? Quantas vezes, ao desabafar com um amigo, o terapeuta, um diário, um padre, um amigo imaginário, soltamos o famoso: “Você não vai acreditar no que fulano (a) fez comigo!!!”

Fulano aprontou, ciclano te magoou, beltrano não te compreendeu... Sempre os outros. Mas, surpresa!!! Enquanto você culpa os outros por erros e conflitos cuja responsabilidade é de ambos (quando não só  tua), os outros fazem o mesmo. É o terrível costume de se vitimizar. Todos praticamos. Infelizmente. E vamos continuar praticando – e sofrendo as consequências da (fa) tal lei do retorno. Vira um ciclo, uma bola de neve. E, se não nos dermos conta dessa bactéria que nós mesmos alimentamos e que, mais cedo ou mais tarde vai nos engolir, a roda irá girar e as pessoas – mesmo as que se/me/te amam vão se maltratar, se desconhecer, se afastar. E isso, acredite, vai doer.

As religiões dizem que Jesus disse que Deus disse que devemos amar os outros como a nós mesmos. 

Não, não conseguimos, não vamos nos iludir. Não nós, pobres mortais. Essa iluminação espiritual não é para qualquer um. Também infelizmente. Mas, se conseguirmos respeitar os outros como a nós mesmos, já é grande coisa. E respeitar é também não “viajar na maionese” achando, ou melhor, fingindo achar e pregar que só os outros erram e nós somos sempre a grande vítima. Vítima dos pais, dos parentes, do chefe, dos maus espíritos (ou do “inimigo”), da empresa, dos amigos, do companheiro /namorado/noivo/marido, das injustiças, de alguma doença, do motorista do ônibus, da primeira guerra mundial, do governo, de Pedro Bial, da chuva, do sol, do... do... Enfim, dos OUTROS.

Respeitar é se colocar no lugar do outro quando ele cometer algum erro. Porque, meu bem, sinto te informar, erros são iguais às mães: só mudam de endereço, mas sempre vão estar ali, no nosso pé – ou em nossa consciência. Se diferencia quem admite os seus próprios, tenta consertar e aprender com eles. Se diferencia quem assume as consequências das suas decisões, das suas cagadas, e até mesmo dos seus acertos (ou vocês acham que acertar também não tem um peso, se não para nós, para os outros?). Se diferencia quem utiliza os erros do outro pra dar a mão e aprender junto, sem julgar, sem ofender, sem se acreditar melhor. Por que, francamente (a última conjugação, prometo), eu não sou, você não é, nós não somos, eles não são... ninguém é. E também detesto acabar com tuas ilusões, mas transformar tua vida numa imitação barata de novela mexicana, se lamentar, se vitimar, fazer o maior drama do mundo inteiro, culpar os outros e se auto crucificar não vai atrair admiração, não vai te fazer crescer, não vai te melhorar como ser humano e, pior, não vai resolver teus problemas, tuas frustrações, tuas angústias. E você ainda vai ser taxado de chato, de “pitangueiro”, de negativista.

Então, por quem te ama e te quer por perto, não sobre, não pague de vítima das circunstâncias.



Cheiros!

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