sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Punhado de ossos

Texto difícil, pesado, onde falo de vida, mas também, de morte. Leia apenas se o assunto for tranquilo para você. Não quero mimimi no meu blog.


Imagem: Reprodução internet
Ontem vivi momentos difíceis, bem difíceis: após dois anos do falecimento do maior "palhacito" da família, precisamos fazer a exumação do corpo do meu tio, para transferir de "casa". Daí eu vi aquela cena e pensei... casa? Como assim? 
E, junto com muita reflexão e aprendizado, três certezas vieram à minha mente: 

1- Não é a casa dele, por um motivo "simples": ele não está ali, naquele lugar feio e solitário, não está mais naquele corpo inexistente. Não, não é ali que ele está;

2- Família não é apenas sangue. Aliás, não é sangue. Família é escolha. E ele foi uma escolha feliz da minha tia que refletiu em muita gente da nossa família, que o adotamos, com ele nos divertimos e amamos;

3- E, muito importante: fiquei ali, naqueles cemitérios cheios de corpos sem vida percebendo o quanto a matéria não é nada. Mas, foi no momento da exumação de fato, quando vi os "restos mortais" de alguém que até outro dia tava zoando e nos abraçando, que percebi o quanto faz sentido o clichê de que não somos NADA. 

A gente ouve isso a vida inteira, mas, parece que só vendo, ali na nossa frente, uma pessoa da nossa convivência ter virado "apenas" um punhado de ossos, pra ter a real dimensão de que não é mentira, não é ilusão. A vida é que é. Que vamos viver menos que uma centena de anos pra "morrer" por milênios. Que a vida real não é aqui. Que daqui só levamos os sentimentos e aprendizados dentro da nossa alma. Que apenas o coração e a memória são eternos. 

Não adianta a gente se matar de trabalhar (e não viver) só pra acumular, porque dentro do caixão, meu bem, tua "riqueza" não vai caber. E outra, a hora que isso vai acontecer não é você quem decide. Porque, menos que você queira tirar a própria vida, se Ele não quiser, você também não consegue.

Não adianta a gente  matar, roubar, enganar, puxar o tapete, passar a perna e afins, pois nossas atitudes são gravadas no caderninho negro da nossa vida chamado consciência. E nós mesmos vamos, em algum momento da nossa eternidade, querer prestar contas, mas não só a Deus (ou a quem acreditarmos ser uma força maior), mas a nós mesmos.

Não adianta a gente valorizar apenas aparência física, se matar em academia, cirurgias, salão de beleza etc e não querer ler sequer um livro, ou aprender com a inocência de uma criança, ouvir as palavras sábias e vividas de um idoso, se nosso interior está vazio e/ou podre. Assim como não adianta cuidar de tudo isso e não cuidar da saúde, nosso bem precioso.

De que adianta valorizar um monte de coisas materiais - que não vamos levar mesmo, e esquecer de valorizar e manter em nossa vida os seres humanos. Pessoas essas que irão estar ao nosso lado la na frente, se precisarmos de cuidados, ombro, amor???

Não adianta a gente dar valor apenas a coisas efêmeras e esquecer as verdades essenciais. Ou você acha que Deus (ou a natureza, ou uma força maior) seria tão burro (sim, burro) de ter um trabalhão pra criar isso tudo para apenas colocar seres perecíveis aqui? Acorda...

De que adianta a gente se sentir superior a outras pessoas por bens, dinheiro ou poder, se, quando o corpo (igual para todos) parar, o que restar vai ser o MESMO é um Punhado de ossos
A-C-O-R-D-A ! Pois, um dia, você vai dormir pra sempre. E aí, meu amigo, "babau"! 

Reprodução: internet

E pra dar uma aliviada nesse post "pesado", deixo a música que começou a tocar quando eu comecei a escrever. E me tocou. Acho que, ao menos uma frase, tem a ver: "Cresça, independente do que aconteça..."


http://www.youtube.com/watch?v=FVqiXTeXP1I


Cheiros!


#Vida #Morte #Reflexão #Eternidade #Aprendizado #Life

2 comentários:

  1. São esses momentos que passamos a dar valor às coisas simples da vida, um abraço, um sorriso, plantar amor e colher carinho. É importante o desapego dos bens materiais por que senão não iremos passar para o próximo estágio. E voltaremos sim, com um novo corpo e uma nova missão. Gostei do seu texto, e pra mim, não tem nada de pesado. Beijos

    ResponderExcluir
  2. Excelente texto! Embora seja tida como "do contra", sou capaz de concordar com cada palavra escrita aí!

    ResponderExcluir